16 setembro 2017

Como vim parar onde estou hoje?


 Me lembro que desde muito pequena, meus pais me perguntavam o que eu gostaria de ser quando eu crescesse, e, muito inocentemente, respondia que seria missionária, que iria falar de Jesus nos lugares mais distantes. Eu ainda era muito nova e nem ao menos entendia o que era ser um missionário na prática. 
 O tempo passou e conforme eu ia crescendo, essa ideia de ser uma missionária se dissipou da minha mente. Porém, quando missionários iam na minha igreja e falavam sobre os campos e sobre tudo o que acontecia nesses lugares, vidas transformadas e até mesmo as perseguições, minha atenção era toda deles e meu coração ardia por isso. Com 13 anos me lembro que havia um pastor na minha igreja que fazia um trabalho com os ribeirinhos da Amazônia, no Pará, e meus olhos brilhavam sempre que, de vez em vez, ele voltava à igreja para falar sobre o andamento do projeto e sobre aquele povo tão sedento de amor. Sempre tive no coração, desde então, que um dia iria junto com ele numa dessas temporadas para realizar o sonho de também poder ajudar e levar amor para esse povo tão distante de mim. 
  O tempo passou, e quando estava com 19 anos, minha mãe acabou falecendo por conta da metástase de um câncer, o que foi um choque pra mim e me fez acordar pra coisas que eu estava deixando em segundo plano na vida: meu relacionamento com Cristo. Comecei a trabalhar e conheci uma moça que veio a ser muito próxima de mim e nos tornamos grandes amigas e um dia, de uma maneira muito aleatória, ela olhou dentro dos meus olhos e disse pra mim que tinha convicção de que eu falaria de Jesus em outros lugares, que sabia que eu seria uma missionária. Claro que eu ri e não dei a mínima pro que ela estava falando, apenas deletei aquela possibilidade, pois não era mais um sonho, agora eu tinha outras ambições e ser missionária era a última delas. 
 Em uma viagem que fiz com alguns amigos, conheci uma garota que veio a ser instrumento de Deus para me trazer definitivamente de volta para os braços dEle. Ela, sem perceber me discipulou e me deu um novo parâmetro do cristianismo, também me convidou para participar ativamente das atividades de uma organização, a qual ela fazia parte, que tinha um projeto dentro das escolas da minha cidade, mas que atuava no Brasil inteiro, falando de Jesus para os adolescentes e jovens das escolas - a MPC (Mocidade Para Cristo). Mas fiquei tão preocupada, porque eu não estava ainda num relacionamento profundo com Jesus, estava fazendo muitas coisas erradas e minha vida ainda estava de cabeça para baixo. Não me sentia preparada para falar de Jesus para adolescentes, quando eu mesma estava vivendo tudo o que eu iria condenar na vida deles. Mas minha amiga insistia demais e um determinado dia eu não tive mais desculpa e muito menos escolha, tive que ir numa escola com ela. Naquele dia eu me perguntei várias vezes por quê ninguém nunca me chamou pra ir antes. Eu fiquei extasiada, apaixonada, constrangida, abalada e tão contente, mas tão contente como eu não ficava há tempos. Senti o amor de Deus falar forte ao meu coração. Tenho certeza que naquele dia e nos outros que se sucederam, quem estava recebendo amor não eram só os adolescentes das escolas, mas eu também. Eu estava sendo tratada e curada. Estava sentindo Deus de novo, mais forte como nunca e a partir daí eu sabia qual era o caminho que queria seguir. Estava nítido pra mim que eu não podia fazer nada mais na vida se não fosse aquilo: Falar de Jesus pra todo mundo! Era aquilo que me fazia feliz, era aquilo que me dava esperança, era aquilo que me arrancava suspiros... 
  Acabei ficando dois anos como voluntária na MPC, mas Deus tinha outros planos. Como morava sozinha com minhas duas irmãs mais novas, e eu estava desempregada e deixando minha irmã completamente sobrecarregada, percebi o quanto estava sendo negligente e egoísta. Arrumei um emprego que me esgotou pra caramba e então não pude mais continuar o trabalho com a MPC. 
 Em Agosto de 2015 fui convidada a participar como voluntária em uma instituição que retirava moradores de rua das ruas e os ajudava a ter uma vida digna e livre de seus vícios, e mais que isso, a encontrar esperança em Jesus. A princípio tive medo de aceitar a proposta e deixar tudo para trás e começar a vida do 0, pois a sede da instituição ficava em Anápolis/ Goiás e eu morava em São José dos Campos/ São Paulo. Meu medo não era exatamente do novo, meu medo era deixar minha irmãs sozinhas, era "abandonar" aquilo que eu mais amava. Era meu extinto protetor. Orei e entreguei nas mãos de Deus. 
 Em Janeiro de 2016, no dia 10, estava trazendo apenas uma mala gigante e todos os meus pertences para começar uma nova jornada em minha vida, no centro do país. Aqui estou à 1 ano e 8 meses, servindo como voluntária em uma verdadeira escola de mudança e aperfeiçoamento de caráter. Aqui eu já vivi cada coisa que me fez repensar o por quê de ter vindo. Já nem lembro quantas vezes eu disse que iria voltar pra casa. Já nem lembro quantas vezes chorei de saudade de casa. Já nem lembro quantas vezes desejei ter minhas irmãs por perto. As coisas não são fáceis, sabe? Mas não trocaria a experiência que adquiri até aqui pela vida que eu tinha antes. 
 Uma das bênçãos que ganhei estando aqui, foi uma das minhas amigas da adolescência vir morar comigo. Sem dúvida alguma ela foi um presente enviado por Deus em um momento bem crítico. Foi como um remédio na hora da dor. Ela tem me ajudado e desfrutado das mesmas alegrias comigo e eu com ela. 
 Em março deste ano fiquei sabendo, por uma outra amiga, sobre um projeto missionário que era realizado na Amazônia, junto com os ribeirinhos. Lembra dos meus 13 anos, que eu disse que um dia iria pra lá e levaria amor pra aquelas pessoas? Pois é... Deus estava realizando algo novo no meu coração e me concedendo um desejo que eu tive há muitos anos atrás e que nem sonhava mais que poderia acontecer um dia. Decidi no mesmo dia em que conversei com essa amiga que iria junto com ela nesse projeto. Ele iria acontecer apenas 3 meses daquele dia, mas eu não queria saber, eu tinha certeza que nisso tudo estava Deus e ele poderia levantar recurso e poderia nos ajudar a chegar até lá. Foi exatamente isso que aconteceu. Realizei mais um sonho e meu coração é só agradecimento! Mas essa história eu conto em um outro post rs. 
 Eu não sei por quanto tempo ficarei aqui, não sei quantas pessoas eu ainda irei conhecer, não sei o que o futuro reserva pra mim, eu só sei que meu coração é grato e está aberto pra novas histórias, pra novas experiências, pro lugar onde Ele quiser que eu vá. Olho para trás e só vejo o quanto Deus me preparou para suportar coisas que eu encaro hoje, o quanto me moldou pra ter sabedoria diante dos tantos  problemas e o quanto Ele tem me encorajado a continuar. 
 Eu ainda não conheço tudo do mundo, mas posso garantir que a gratidão do coração de alguém que completou 90 anos hoje, eu tenho em dobro! 
 Por tudo o que tens feito, sou grata!

É isso, espero que tenham gostado! Obrigada (: